Otite Média Aguda
São conceituadas como inflamações agudas (< 3 meses) da mucosa e periósteo da orelha média, normalmente de origem infecciosa.

Incidência: É muito comum na criança (aos 3 anos cerca de 80% das crianças já apresentaram pelo menos um episódio de OMA). Tem pico de incidência entre 6-12 meses, diminuindo com o crescimento da criança (devido melhora da imunidade e características da tuba auditiva).
Fatores de Risco: IVAS, frequentar creche/escola, tabagismo passivo, uso de chupeta, desmame precoce e anormalidades craniofaciais (que provocam disfunção tubária).
Etiologia: virais (vírus sincicial respiratório, influenza, adenovírus) e bactérias (pneumococo, haemophilus, moraxela e S. pyogenes). H. influenzae está mais associado a sintomas oculares (conjuntivite purulenta).
Diagnóstico: clínico, sem necessidade de exames complementares; otalgia, precedida por quadro de IVAS; pode haver febre; otoscopia com opacidade, hiperemia e abaulamento da MT.
Atenção! O achado de maior poder prognóstico para OMA é o abaulamento da MT (especificidade 97%); hiperemia é o de menor, pois pode ocorrer quando a criança estiver chorando. Tratamento: todo paciente com diagnóstico de OMA deve ser tratado com analgésicos ou antiinflamatórios. O uso de antibióticos está restrito aos casos com real necessidade. A maioria dos pacientes apresentam resolução espontânea, independente do uso de antibióticos.
Atenção! O uso de antibióticos não previne complicações graves, nem a presença de efusão e recorrências tardias.
A tabela abaixo traz a recomendação do tratamento para os casos de OMA:

Resumindo a tabela acima percebemos que:
1. Toda criança abaixo de 2 anos deve ser tratada com antibiótico;
2. OMA com otorreia ou sinais de gravidade devem ser utilizar antibióticos.
Sinais de gravidade estão incluindo toxemia, otalgia intensa ou persistente e febre > 39ºC.
Observação deve incluir obrigatoriamente uma reavaliação 48-72 horas após (wait and watch). Caso não seja possível deve-se iniciar o uso de antibiótico.
O tratamento é geralmente empírico por 10 dias, exceto no caso da ceftriaxona que deve ser utilizada por apenas 3 dias. A tabela abaixo mostra os antibióticos recomendados:

Timpanocentese: não é mais um procedimento de rotina, mas pode ser realizada em crianças com toxemia, recém nascidos com suspeita de OMA, presença de complicações supurativas e OMA refratária a segunda tentativa de antibióticos.
Otite Média Aguda Supurativa
Essa denominação especial é caracterizada como OMA em que o processo inflamatório da orelha média e a pressão exercida pelo líquido purulento da cavidade timpânica provoca necrose de uma região da MT (normalmente quadrante anteroinferior) e ruptura com extravasamento do pus (supuração).
Todo quadro de OMA supurativa deve ser tratado com antibiótico (tabela acima), independentemente da idade e comorbidade do paciente. Além da medicação, deve-se orientar proteção auricular.